Resenha: Lanterna Verde

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A Warner Bros fez um grande negócio anos atrás. Enquanto a Marvel distribuiu os direitos de seus super-heróis por diversos estúdios até criar o seu próprio, a Warner comprou a DC Comics, possuindo os direitos de todos os seus personagens. Com isso, explora sozinha em todas as mídias (cinema, TV e games) todos estes personagens. Óbvio que um dos maiores (se não for o maior) investimentos é na área do cinema, em que filmes que trazem adaptações dos feitos heroicos geram zilhões. Como as duas maiores franquias da Warner, Batman e Superman, estão programadas para 2012 e 2013 respectivamente, o estúdio lançou mão de um herói com um pouco menos de cartaz, mas com fãs suficientes para garantir um bom retorno financeiro enquanto os dois pesos pesados não entram em ação.

Lanterna Verde (Green Lantern, E.U.A/2011), dirigido por Martin Campbell (Goldeneye, A Mascara do Zorro e Cassino Royale), traz para as telonas o projeto bastante antigo, que demorou a ser desengavetado do filme do personagem criado por Martin Nodell e Bill Finger, que estreou em 1940 na revista All American Comics número 16 e que se popularizou na década de 60. Na trama, o piloto de testes Hal Jordan (Ryan Reinolds de A Proposta e Três Vezes Amor) recebe do alienígena Abin Sur um anel que lhe garante poderes e o integra a um esquadrão intergaláctico cuja tarefa é manter a paz no universo.

A má notícia para os fãs é que a adaptação está longe de ser das mais felizes. O Lanterna verde, apesar de não ser tão popular como Batman, Superman e Mulher Maravilha (fica ali entre o Flash e o Arqueiro Verde), tem um séquito de seguidores que a Warner parece ter desconsiderado, entregando um produto genérico para faturar uns trocados no verão americano. O Hal Jordan de Ryan Reinolds não encanta, falta alma, carisma, naturalidade. Com seu jeito fanfarrão fica muito próximo de um sub Tony Stark, porém sem o carisma de Robert Downey Jr. e sem um script que o favoreça. A velha questão do homem errado é o homem certo já foi exaustivamente colocada, mas aqui o acaso é tamanho que não convence, bem como seu repentino engajamento em uma causa de proporções cósmicas. Sendo o playboy inconseqüente, deveria no primeiro momento pelo menos tentar usar os poderes do anel em benefício próprio, somente próprio. Daí vem a também reprisada máxima de que grandes poderes trazem grandes responsabilidades que depois de Kick Ass talvez ninguém mais leve a sério.

O que também poderá incomodar os fãs é ideia encontrada para o uniforme, demasiadamente equivocada, uma roupa que na verdade se mistura à pele e com efeitos reluzentes tudo feito por CGI acoplado à cabeça do ator. È de doer, lembra a armadura do Superman que seria usada no filme do Tim Burton com Nicolas Cage (procurem fotos, concept art na internet). O pior é que nas tomadas em que só vemos o personagem do pescoço para cima fica nítida a gola de borracha do uniforme, não é possível que tenha sido contenção de despesas. Triste também é ver a atuação de Peter Sarsgaard, em um contexto de possessão alienígena que lembra Jeffrey Jones em Howard – O Super Herói, só que bem menos divertido. Do outro lado temos uma boa, mas subaproveitada Ângela Bassett como Doutora Waller e Mark Strong como Sinestro que tenta dar alguma credibilidade à trama.

O roteiro pouco ajuda. Greg Berlanti, que já escreveu scripts para séries de TV como Dawson’s Creek, Everwood e Brothers and Sisters, e o também roteirista de seriados Michael Green (Smallville e Heroes), junto de mais cinco colaboradores, entregam um material pouco consistente que não resta ao diretor Martin Campbell muito por fazer. O cineasta que brindou o público com bons exemplares do cinema de franquia como a reintrodução de Zorro para a nova geração em A Máscara de Zorro (1998), ou os dois ótimos reinícios da série 007, em momentos distintos, Goldeneye (1995) e Cassino Royale (2007), em Lanterna Verde atua como um diretor de aluguel preocupado apenas em elaborar cenas de ação montanha russa e o 3D estereoscópico. Nisso o filme acerta, os efeitos estereoscópicos funcionam muito bem, principalmente quando a grande ameaça, o parasita espacial Parallax está em cena.

Em suma, Lanterna Verde não justifica nem a espera e nem os dólares gastos no projeto de um personagem que merecia um tratamento de primeira divisão e foi relegado à segunda, uma vez que o primeiro time de criação e parte técnica da Warner está todo distribuído entre Man Of Steel e The Dark Knight Rises. Para aqueles que não têm uma forte ligação com o personagem e procuram apenas uma diversão ligeira que dê duas horas de descanso para os neurônios pode ser uma boa pedida, mas para os fãs do universo DC resta torcer para que o possível filme de Flash seja feito com um pouco mais de carinho.

[xrr rating=2/5]

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2 thoughts on “Resenha: Lanterna Verde

  1. · 20 de agosto de 2011 at 12:14

    adaptação de gibi de super heroi nunca foi minha praia ,espero sair em dvd para dar uma espiada ,escessão de batman o cavaleiro das trevas obra prima noir irrepreensivel ,confesso que fiquei curioso com lanterna verde o personagen é perfeito para uma space ópera bem divertida ,mas quando vi as noticias da equipe contratada desencanei e fui cuidar da vida ,depois do trailer esqueci completamente ,gosto muito de gibis de super heroi,mas sejamos realistas este estilo canibaliza ao extremo o que é produzido no cinema,na literatura e outros meios de entretenimento dai a dificuldade para faze-lo funcionar na tela grande ,fica sempre a sensação de ja ter visto isto melhor aproveitado em outras obras ,Christopher nolan indicou um caminho interessante para este tipo de filme ,mas parece que apesar de batman 2 ter gerado um bilhao os donos de super heroi não querem nem saber deste caminho,uma pena.

  2. O LONGA E PESSIMO, UM ENORME DESPERDICIO DA MAIS RICA MITOLOGIA DA DC COMICS